Editorial

Estamos na UTI

Faz nem quatro anos que (quase) todos paravam na janela para aplaudir de casa o esforço e dedicação de profissionais da saúde no combate à Covid-19. Faz nem um ano e meio que estamos vivendo uma vida relativamente normal, sem restrições, sem obrigatoriedade de máscara e distanciamento, podendo ir e voltar livremente e sem medo. Vivemos o momento pelo qual sonhamos por tantos meses em que a esperança era a única maneira de manter a sanidade diante de um cenário pandêmico. Chegado o objetivo, estamos na UTI agonizando. A saúde de Pelotas vive um caos assustador.

Leitos vão fechar, conforme destaca a manchete de ontem do Diário Popular. São pelo menos 30 vagas a menos em hospitais. Postos de internação e UTI que não vão receber pacientes não só da cidade, mas de toda a Zona Sul. Sem essa estrutura, estamos à mercê da volta de filas enormes (elas seguem existindo, mas já foram piores) e, em um cenário pessimista, pacientes não terão onde ficar caso haja um cenário catastrófico em algum momento. Hoje, a taxa de ocupação já é alta, especialmente em questões sazonais, devido às doenças respiratórias do inverno, por exemplo. Se assim já é uma equação complicada a regulação de leitos, tudo tende a piorar.

O tema passa por questões administrativas de cada instituição e do Município. Mas há um debate, antigo, da tabela SUS que deveria estar em maior evidência. É histórica a discrepância entre o custo do serviço e o que o Ministério da Saúde repassa. A filantropia acaba sendo uma saída por outros benefícios, mas a matemática tem mostrado que não compensa. São pelo menos R$ 3 milhões de déficit nos hospitais da cidade que prestam esse tipo de serviço. Portanto, se a conta não fecha, os leitos fecham.

Agora, é momento de correr e identificar maneiras de tentar reverter esse cenário, estancando a sangria. Há que se cobrar dos nossos representantes públicos, fazer o barulho chegar a Porto Alegre e Brasília e torcer para que o quanto antes haja algum aceno positivo. O cenário é catastrófico e até surpreendente, em uma cidade que se movimenta para construir dois novos hospitais (o Pronto-Socorro regional, já em andamento, e os novos blocos da sede própria do Hospital Escola da UFPel).


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